Caminhos da História: 1º Capítulo – O início

Antes mesmo de ser colonizada, no final do século XIX, a região de Sangão recebia tropeiros que desciam do Planalto Serrano em direção a Laguna. Ali paravam para descansar e, como o frio era intenso, acendiam fogueiras para se aquecer e espantar os animais selvagens. Esse costume deu ao local seu primeiro nome: Rua de Fogo. Os troncos de lenha ardiam durante dias seguidos e, mesmo depois da partida dos tropeiros, as brasas permaneciam acesas até a chegada de novos viajantes.

O nome Sangão foi dado pelo primeiro morador da vila, o lavrador Manoel Francisco da Silva, que em sua propriedade tinha uma sanga que ligava as areias ao morro. Sendo natural de Aratingaúba, Município de Imaruí, se instalou em Sangão com sua família, para trabalhar na agricultura, já que o solo era bastante fértil. A população sangãoense, em seus primórdios, se caracterizou por descendentes de imigrantes italianos, poloneses, portugueses e africanos, com alguns focos da etnia alemã, distribuídos pelas 15 comunidades existentes.

O povo sangãoense tinha como lazer os grandes bailes, que uniam toda a população no Clube 27 de Setembro e Clube Alto Alegre, que ficavam na sede. Eles reuniam toda a beleza dos carnavais e festas que marcaram a história. No Distrito de Morro Grande, o grande destaque para o desenvolvimento foi a Estrada de Ferro e a liderança do senhor João José Silvano, que figura na lista dos prefeitos de Jaguaruna. Além disso, diversos sangãoenses, de comunidades como Santa Apolônia (vereador Jaime Ondino Teixeira e ex-presidente do Legislativo jaguarunense João da Silva, entre outros), figuram nas páginas históricas do município vizinho.

Porém, no período em que as comunidades do município pertenciam a Jaguaruna, os recursos eram escassos. Não havia tantas escolas, postos de saúde e subsídios básicos para o bem-estar de todos. Por isso, no início dos anos 90, as lideranças da época, animadas com a onda emancipacionista e as recentes conquistas da Constituição de 1988, sentiram que podiam transformar o sonho de virar um município em realidade.

 

Opinião

 

“Tudo valeu a pena”

Etevaldo Miguel de Souza – Presidente da Comissão de Emancipação de Sangão

“Quando nós éramos Distrito de Jaguaruna, nós não tínhamos recursos. Tudo dependia de lá e, com a emancipação, Sangão pode crescer. Eu acho que foi uma das melhores coisas que poderia acontecer para nós. Eu vejo muita diferença na economia do município, que está fortalecida. A ideia da emancipação surgiu na época em que eu era vice-prefeito de Jaguaruna. Eu e mais duas professoras voltávamos do Balneário Campo Bom e levantamos essa hipótese. Dali fomos em frente para sensibilizar lideranças. Eu acabei presidente da comissão e a luta não foi fácil. Era muito trabalho, a gente chegava a ficar muitas noites e amanhecer fazendo documentos para montar o processo. Fizemos até uma rifa para angariar dinheiro. Visitamos os 40 gabinetes dos deputados estaduais. Quase ninguém acreditava que Sangão se emanciparia, mas eu sempre tive esperança. E deu tudo certo. Tudo valeu a pena. Eu fico orgulhoso da honra de ter ajudado a emancipar Sangão”.

 

Supervisão: Fabrício Filho/Deise Formentin