Entrevista – Ex-prefeito Paulinho Machado
O Diário O Município entrevistou o ex-prefeito de Sangão, Paulo Jorge Machado, que comandou o executivo de 1997 a 2000. Ele falou sobre os 23 anos de emancipação de Sangão, sua participação na emancipação, o que mais lhe marcou em seu mandato e sobre as alegrias de tal período.
Diário O.M. – O que significa para você comemorar mais um aniversário de Sangão?
Paulo Jorge Machado – É a comemoração de uma vitória. Lembro-me da luta pela emancipação quando pessoas como Etevaldo Miguel de Souza, Sinézio Sebastião Pereira, José Santiago, Teonaz Jonas Goulart, Donato Formentin, entre tantos outros que não mediram esforços para que hoje pudéssemos comemorar. Lembro também da felicidade estampada no rosto do senhor Aledúcio Aguiar, Manoel Hercílio, ex-vereadores do município mãe e dos desafios para melhorar a qualidade de vida aqui em Sangão.
Diário O.M. – Qual foi a sua participação na Emancipação de Sangão?
Paulo Jorge Machado – Na época ajudei a financiar o projeto e sua articulação. Eu era muito próximo do Prefeito de Jaguaruna, Hilário Nandi e, apesar de sermos de partidos diferentes, consegui, juntamente com o então vereador João da Silva e o próprio vice-prefeito, Zezo Arino, convencer Hilário a dar todo o apoio para a emancipação. Ainda tivemos que usar algumas estratégias para convencer o Distrito de Morro Grande, sobretudo porque Jaguaruna já havia tido como Prefeito um cidadão residente ali, o falecido Didi Silvano. Na época, cheguei a discutir com minha sogra, Dona Lina, para ir votar favorável à emancipação. Tive que praticamente colocá-la no carro (risos).
Diário O.M. – O que o senhor tem a dizer sobre o desenvolvimento do município?
Paulo Jorge Machado – Penso que Sangão pode ser considerado privilegiado até mesmo pela localização geográfica. A BR 101 corta o município ao meio, o Porto de Imbituba está há pouco mais de 60 quilômetros e agora conta com um aeroporto que nos privilegiou mais do que propriamente o município de Jaguaruna. Tem tudo para dar certo. Aliás, em Sangão não tinha nada, mas pelo fato de estar recém-emancipado, havia muitos recursos disponíveis, financeiros inclusive. O ex-prefeito Jaime foi muito ousado, fez tudo o que estava a seu alcance para estruturar o município. Na sequência, eu fui o prefeito e precisei equilibrar a administração. A receita era muito baixa, os compromissos muito altos e ainda havia muita coisa por fazer. Foram duas fases muito distintas, mas que hoje vejo como fundamentais para o desenvolvimento do município. Penso que essas duas administrações facilitaram a vida dos sangãoenses e das administrações posteriores, pois já havia uma boa estrutura e a casa estava em ordem, com pátio de máquinas renovado. Depois disso, o Jaime voltou para a prefeitura, na sequência foi o Antônio Mauro e agora o Castilho. Mas eles têm mais propriedade para falar sobre os seus mandatos.
Diário O.M. – O que mais lhe marcou durante o período em que foi prefeito?
Paulo Jorge Machado – Alguns secretários eram verdadeiros soldados. O hoje falecido Osni Lessa, com uma só retroescavadeira que nem sempre estava à disposição, dava conta de todo o Distrito. Cuidava do abastecimento de água juntamente com o Luiz – mão grande; sei inclusive que tirava dinheiro do bolso para ver o Distrito cada vez melhor. O Didi – Luiz Pedro Alexandre, que corria todas as pedreiras e agricultura, desesperado, porque não havia máquinas suficientes para atender a demanda; chegava a brigar com a gente para atender o povo. Mas fazer o que, o cobertor era curto. Administrei o município como administro minha casa, com muito amor e responsabilidade. Priorizei o fundamental e foquei os recursos para atendimento dos mais necessitados. A Nair Nandi e a Eliana Fontana foram maravilhosas secretárias de educação, cada uma a seu modo. A equipe da prefeitura era muito boa, desde a recepção até os médicos, todos sempre deram o melhor de si e apesar de poucos, davam conta do recado. Os vereadores, sobretudo o Neno como presidente da câmara, o Zé Odia (José Santiago), como líder de bancada. Estes me ajudaram até o apagar das luzes na saída. O Pedrinho, Benilda, o Juraci ajudaram muito também. Até mesmo a oposição cumpriu o papel fundamental para melhorar nossas ações: o Rodimar João Dias, Sinézio Sebastião Pereira, a Neca e o Má da Areinha.
Diário O.M. – Qual a lição deste período?
Paulo Jorge Machado – De que o tempo é quem aprova as decisões acertadas. Na época, apertamos o cinto e muita gente não atendeu. Hoje, sou abordado e, na grande maioria das vezes, elogiado por estas decisões mais duras. Perdemos muita gente no caminho da política, mas era um mal necessário, não tinha como administrar diferente. Aprendi também que há muitas pessoas que, independentemente de partido, têm muita preocupação com o município. Acho que o Castilho nem imaginava ser prefeito, mas o pai dele (João Bertoldo)já era um dos grandes conselheiros de meu governo. Na época, o Zé Odia chegava a ficar bravo porque eu conversava tanto com o João, com o Lorinho, com o Luiz Silva, que eram adversários. Fiquei convencido disso, quem gosta do município não deixa de se envolver só porque não é do partido do governo.
Diário O.M. – Para finalizar, qual a maior alegria de seu tempo de prefeito?
Paulo Jorge Machado – As festas para os idosos eram a verdadeira recompensa. Eles se divertiam muito, sentíamos que estávamos fazendo o bem, que estávamos no caminho certo. A Nena era muito dedicada. Todos os dias, ela e a Jucélia Aguiar percorriam os clubes de mães e ficavam atrás de novidades para animar esse pessoal. Sou capaz de dizer que os clubes de mães ainda lembram com saudade do trabalho dela. Essa é uma das pessoas que eu só tenho a agradecer, além de primeira-dama, nunca deixou de ser mãe e esposa.
Fonte: Diário O Município